sábado, 3 de outubro de 2015

Tequila

Antes de tudo, o medo. Não. Antes do medo, a vontade. A alegria da realização de alguma ideia. No geral, e libido comandando tudo. Id, id. A satisfação, onde mora? Mora no outro, quase certo. Minha felicidade só existe na interação. Então, temos o medo. Todo o desabamento que pode ocorrer enquanto levitamos. Eu sinto o pânico nas minhas veias e é aí que eu percebo que estou exatamente onde eu desejava. A tirolesa, meu esporte preferido. Te alcanço em breve, me solto da corda, mergulho em ti. E por um periodo limitado, me afogo. Me afogar é fundamental. Enquanto não engulo água, não há verso. Não há graça em nada que pratico. O grito, a boca aberta e o impacto são ítens de suma importância no processo todo. Então eu caio, afundo, bebo água. E lá do meu âmago surge o impulso que me leva à superfície. Subo em desespero, procurando a luz, o ar, a vida. E essa superfície é quando eu tomo consciência de que amo. E quando amo alguém, amo tudo à minha volta. Se há um horizonte até onde meus olhos enxergam, depois dele ainda é possível encontrar amor. E aqui estamos, na superfície. Há oxigênio, consciência, sensação e satisfação. A felicidade mora nesse estágio. Onde o descrevo em vista de lembrar-me sempre como alcançá-lo. E quando todo o movimento breve, porém intenso e agonizante, termina, é quando entra a tequila das tequilas. Meu corpo conhece o lugar onde se encontra, meu mundo aceita o outro facilmente. Meu peito quando acelera, e se transborda de prazer, é capaz de perceber a paz acima de todas as coisas. Tequila é meu ingrediente sagrado para momentos únicos de perfuração. Mas uma boa perfuração. Uma profundidade em si, uma noção verdadeira de todas as verdades. Uma verossimilhança infinita entre o que é inventado e o que é material. Quando os céus são capazes de conversar com o meu espírito e meu corpo é capaz de relaxar-se sobre todas as coisas.

Quando amo. Quando conheço. Quando desejo. Quando realizo.
Quendo quero. Quando recebo. Quando preencho. Quando sou.
Quando está tudo certo. Quando está tudo absurdo e calmo.
Quando me resgato da minha própria diversão insana.
Tequila é meu bem de todos os bens.
Apenas para estas ocasiões.

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