sábado, 24 de outubro de 2015

Encanto do esquecimento

Somos dois espelhos
Posicionados um frente ao outro
Mesma altura
Mesma profundidade de reflexão
Nós somos um eterno
Conjunto de reações
Desde que nos colocamos neste lugar
Desde que o primeiro raio de luz
Atingiu o recinto

Se esse raio de luz
Fosse puro o suficiente
Seríamos capazes de suprir
Um a demanda do outro
Mas eis que as trevas também reinam
E também refletimos a escuridão
Porque somos
Resultado de um fenômeno
Que não pode ser explicado
Pela raça humana

E agora sabendo a verdade
Sabemos que tudo que me destroi
Segue em tua direção
E tudo que te destroi
Segue em minha direção
E tudo que me salva te acaricia
E tudo que te salva me alcança
Somos uma convergência infinda
De energia recíproca

Mas somos também demasiado fracos
Para suportar a nossa própria força
E se atacados, certamente
Destruiríamos um ao outro
E é por isso que aqui morremos
Que a nossa divina salvação
Descanse em paz
Em seu pequeno lençol de seda
Como se nunca tivesse acordado
Que durma até que a escuridão
Não tenha tanto poder
Sobre nós, mortais

E que o agora
Que soa como
Um interminável feriado de luto
Se faça sentir como sempre
Até que a realidade
De ambos os corações de prata
Derreta o vidro que nos cobre
Deforme o que nos corrompe
E se projeta
E até que sejamos livres
De todo o mal
Amém

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