domingo, 18 de outubro de 2015

Agora, Alegoria

Eu abro a janela
Pra te observar
Na minha rua escura
Às vezes eu acho
Que você me visita
Na brisa que sacode
Os meus fios de cabelo
Como se você me assistisse
Passeio pela casa
Rego minhas margaridas
Me encolho no chão
Ou estiro no sofá
Estou pensando sobre
Aquelas coisas
Que a gente não fala
Que a gente deveria estar fazendo
Não preciso que você
Fale comigo
Pra ouvir a tua voz
Me seduzindo
E mesmo que eu não possa
Te contar
Sobre a minha vida vazia
Sem teus prantos, reclamações
Ou fantasias de guerra
Sem as doutrinas espíritas
Sem os desgostos diversos
Mesmo que aqui seja tudo diferente
Sem você
Eu ainda posso ouvir
Teus ecos no meu corredor
Eu ainda estico a minha pele
Pra sentir você passar
E ignorar os meus recados submersos
Eu escondo mal escondidos
Os meus poemas desesperados
E fico conversando, mentindo
Para o céu e as estrelas
Enquanto a água não desaba
Eu escureço a sala
Eu espero, espero, espero
Eu crio mais um mundo
Como se ainda sobrasse espaço
Eu conto as cores
Quando meus olhos abrirem de manhã
As respostas vão estar lá me sorrindo
A fuga, a paz, as fitas de embrulhar presentes
Não sentes a sutileza do meu pesar
Não sentes coisa alguma que parta de mim
Mas eu aguardo
Como a tudo na vida
É só questão de tempo, dizem

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