sábado, 28 de março de 2015

Borboleta 2

Quando eu era menor,
Tudo que eu queria era poder mostrar minha idade
Com todos os dedos das mãos.
E alcançar a pia.
Eu queria que a minha mãe me amasse sempre mais,
Pra poder amá-la mais ainda.
E queria que ela sempre cantasse pra mim enquanto eu a abraçava.

Eram os meus desejos mais significativos.

Eu nunca achei que existia vida depois dos dez anos.
Era como se meus pais pertencecem a outra raça, a outra espécie.
Eles seriam sempre pais, e eu sempre Débora.
Eu seria sempre criança.

Nunca sequer pensei que eles poderiam ser como
uma versão mais velha de mim.
Não era, não podia.
Eu achava que eu só poderia existir até ali.
Pois bem.

Quando eu cheguei aos onze anos,
Eu descobri o que havia depois.
Aos onze anos comecei a morrer.
E venho morrendo desde então.

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