quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Recaída antes das três

Não sei quem eu sou.
Quando acordo do sono profundo, louca.
Quando quero me matar do nada.
Quando quero fazer coisas que as pessoas fazem na tv.
Não sei quem sou.
Quando estou apaixonada, tecendo elogios.
Quando mando cartas e espero respostas.
Quando pinto quadros, dou risadas, bebo vinho branco.
Não sei o que me dá.
Quando resolvo fazer tudo direito,
Organizar a agenda.
Quando acordo cedo, lavo a louça, anoto tudo.
Quando o cardápio é importante,
E as horas de sono, e tudo que eu faço.
Não me reconheço
Em nenhuma das faces pouco confiáveis.
Sou esquizofrênica ou apenas bipolar?
Que há de errado comigo?
Por que tenho opiniões tão opostas,
Atitudes absurdas, vontades que se contradizem?
Por que nada disso faz sentido por mais de uma semana?
Não sei o que eu estou fazendo.
Não sei o que pretendo ou quem eu quero ser.
Não sei do que preciso, o que me faz bem.
Não sei o que ou quem me salva.
Não sei o que tem que sair de mim.
Que agonia, que agonia, que agonia.
Preciso de entorpecentes, de uma noite de sono,
De alguém pra cuidar de mim, preciso me matar.
Preciso me acalmar e calar a boca.
E essa dor de cabeça de novo?
Será que estou doente? Será que sou?
Preciso parar de escrever.
Preciso desligar os olhos.
Preciso ter confiança em mim mesma.
Não estou aguentando essa loucura.
Eu preciso de ajuda, preciso de paz.
Acho que ninguém pode me devolver minha paz,
Nem eu mesma.

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