quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Mommy, am I a whore?

Uma puta quando entra no quarto
Faz o homem se sentir especial
Se põe a ser toda a sua sexualidade
A impropriedade social
Uma puta quando tira a roupa
Se entrega ao homem
Como se ele valesse a coragem
Que ela tem de encarnar toda a proibição
Uma puta, quando fecha a porta,
Toma seu banho e pula de macho em macho
Repetindo os mesmos versos para cada
Na abstração da melodia da voz
De novo e de novo dizendo
Revirando os olhos
Uma puta convence o seu cliente
De que ele é o único
O melhor, o mais especial
E quando a puta tem seu intervalo
Troca de fantasia, prende os cabelos
Conversa com outras putas,
Fumando o seu cigarro, tomando um café,
Terminando de engolir
A última garfada do seu almoço
As putas em conjunto
Falam abertamente sobre os paus e rolas
Que as percorrem
Sobre o esguicho de cada um
Comparam, analisam, riem descaradamente
Reforçam a cumplicidade
Na liberdade de serem elas, putas
Estende-se na mesa a lista
De taras, seres e medos
A insegurança da carne de cada um
O descarregamento necessário às putas
Para que sejam putas,
E suportem o peso da fraqueza alheia
Putas, que putas sejam,
Psicólogas dos corpos de todos,
Humanas sempre,
Em dor, em cheiro,
Em gesto de boa vontade, comprado,
Precisam do relaxar de ombros próprio
Para relaxar os quadris de outros

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